Natureza e Espaço

Astrónomos descobrem uma “muralha” gigante de galáxias atrás da Via Láctea

Os astrónomos encontraram uma das maiores estruturas do universo observável – uma “muralha” de galáxias com pelo menos 1,4 mil milhões de anos-luz de extensão. E dado o quão perto está de nós, é extraordinário que não a tenhamos visto antes.

O que aconteceu: Uma equipa internacional de cientistas comunicou a descoberta da Muralha do Polo Sul num artigo publicado em julho no Astrophysical Journal. A estrutura cósmica estende-se pela fronteira sul do universo (da perspetiva da Terra) e consiste em milhares de galáxias, juntas a grandes quantidades de gás e poeira.

O que queremos dizer com “muralha”? As galáxias não estão espalhadas aleatoriamente por todo o universo. Ao longo de enormes fios de hidrogênio, as galáxias agrupam-se em conjuntos maiores de filamentos massivos, separados por grandes espaços praticamente vazios. Cada um desses encadeamentos é basicamente uma muralha de galáxias, estendendo-se por centenas de milhões de anos-luz. Estas são as maiores estruturas conhecidas no universo observável. Outras identificadas incluem a Grande Muralha CfA2, a Grande Muralha Sloan, a Grande Muralha Hercules-Corona Borealis e o Vazio de Boötes.

Quando juntas, estas muralhas formam o que os astrónomos chamam de teia cósmica. Tentar mapeá-las é uma das principais pesquisas da cosmologia – não só nos permitirá compreender a estrutura do universo e seu interior, mas também nos poderia ajudar a entender melhor como o universo foi formado e como evoluiu ao longo do tempo.

Porque é que essa “muralha” é especial? Está muito perto! A Muralha do Polo Sul está a apenas 500 milhões de anos-luz de distância. Na verdade, essa é parte da razão pela qual foi tão difícil de encontrar até agora –está situada logo atrás da Via Láctea, num lugar chamado Zona de Obscurecimento Galáctico, onde o brilho da galáxia efetivamente manteve a muralha encoberta mesmo estando à nossa frente.

Então, como foi encontrada? Pesquisas cosmológicas são frequentemente feitas utilizando como “régua” o desvio para o vermelho (em inglês, redshift) dos objetos: ou seja, a velocidade com que esses objetos parecem estar-se a afastar da Terra graças à expansão do universo. Quanto mais rápido um objeto parece estar a afastar-se, mais longe está.

A equipa responsável pela descoberta da Muralha do Polo Sul fez observações de redshift como parte de sua investigação do céu, mas também adicionaram medições da velocidade de algumas galáxias, o que ilustra como estas interagem gravitacionalmente umas com as outras. Esta técnica pode alertar os astrónomos sobre massas invisíveis – embora seja normalmente usada para investigar a matéria escura, também pode simplesmente destacar massas obscurecidas pela luz brilhante. Utilizando esses dados, os investigadores foram capazes de mapear a Muralha do Polo Sul pela primeira vez.

Artigo de Neel V. Patel, Team – MIT Technology Review EUA

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