No meu último artigo, falei sobre NFT, os Tokens Não Fungíveis, que não são passíveis de serem substituídos, únicos e indivisíveis. Atualmente, as aplicações mais conhecidas de NFT giram em torno de arte digital, ou itens de celebridades assinados pelos próprios autores. Um mercado que já acumula milhões de dólares. Aliás, a complexidade para armazenar a obra e a assinatura do autor é a principal diferença entre NFT e um Token.
Em computação dizemos que é um objeto digital. Já a Bitcoin, é apenas um número e a sua existência está distribuída em toda a contabilidade espalhada na rede blockchain.
Mas, neste artigo, quero iluminar um objeto intermediário, pouco citado até então, e talvez maior que o atual mercado artístico de NFT. É um mercado diferente e relevante, talvez, em algum momento um novo nome divorciado de NFT irá surgir para designá-lo. Seria sim um NFT sem a riqueza do que se aplica hoje, porque seria apenas um número identificador, quase igual a um número de Token, mas único.
O que conseguiríamos com isso? Quais as aplicações disso? Do mesmo jeito que a pandemia acelerou o NFT artístico para assinar uma obra em um mundo mais digital, a pandemia também reprimiu um eminente mercado de cadeiras marcadas de um teatro, de um cinema, de um show. Tickets no geral, que não possam ser passados para outra pessoa. Ingressos.
Vamos além: o grande mercado, já em implantação, da identidade digital. Todos os cidadãos terão a sua impressão digital registada numa blockchain, e seu o CPF é apenas um número. A partir daí todos os eventos relacionados estarão também registados na blockchain. Muitos projetos já estão a ir nesta direção, incluindo a proeminente blockchain Cardano, de um dos mesmos desenvolvedores da Ethereum. Será uma identidade local? Uma identidade global? Bem, essa é discussão para outro artigo.
Oráculos
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Um NFT também vai poder representar um evento. Este é um mercado ainda pouquíssimo explorado. Quando o mundo real voltar a acontecer, conhecedores de blockchain já estão a trabalhar num conceito de oráculo. Um oráculo é a ponte entre o mundo virtual e o real. Um agente representante de boa-fé vai poder imputar um dado manualmente numa blockchain e disparar a execução de um contrato inteligente.
Sendo assim, poderemos comprar eventos futuros, como num jogo de futebol onde apostamos num golo do Neymar. Se ele fizer o gol, o meu NFT é disparado e eu ganho dinheiro imediatamente através da blockchain.
Milhões de eventos NFT estarão distribuídos mundo afora pela Internet fazendo-nos lembrar até da ativação de neurónios num cérebro, onde os oráculos são os nossos olhos e ouvidos.
Artigo de Christian Aranha, Autor – MIT Technology Review Brasil
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